segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SAWABONA/SHIKOBA

SAWABONA/SHIKOBA

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio.
As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e
revolucionando o conceito de amor; o que se busca hoje é uma relação
compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade,
respeito, alegria e prazer de estar perto, e não mais uma relação de
dependência em que um responzabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A ideia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade que nasce com o
romantismo está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos
encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher.
Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos já vem dessa raiz: o outro tem de saber
fazer o que eu não sei. Se sou manso ele deve ser agressivo, e assim
por diante. Uma ideia prática de sobrevivência e pouco romântica por
sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria.
Estamos trocando o amor de necessidade por amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão
perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor
consigo mesmas.
Elas estão começando a perceber que se sentem frações mas não inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração.
Não é o príncipe ou salvador de coisa nenhuma, é apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou.
Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com o egoísmo.
O egoísta não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar na individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único.
Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez enquando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só
podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.
Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.
Nesse tipo de ligação há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes temos de aprender a perdoar a nós mesmos.
Caso tenha ficado curioso em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento criado no sul da África, quer dizer:
"EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM"
Em resposta as pessoas dizem: SHIKOBA que é:
"ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ"

2 comentários: